A HISTÓRIA DO PRÍNCIPE D. PEDRO AUGUSTO DE SAXE-COBURGO BRAGANÇA

CANAL APAIXONADOS POR HISTÓRIA
16 min readApr 17, 2024
Foto edição pertencente ao Canal Apaixonados por História, para usá-la dê os créditos.

Como sabemos, a Princesa Leopoldina se casou com o Príncipe Luís Augusto, o Duque de Saxe em 1864.

Ao longo de quase sete anos de casamento, Leopoldina engravidou cinco vezes, sofreu um aborto em sua primeira gestação, mas depois deu à luz a quatro meninos saudáveis.

Recomendamos que antes de prosseguir nesse vídeo, você assista primeiro: OS FILHOS DA PRINCESA LEOPOLDINA E DO PRÍNCIPE AUGUSTO — DUQUES DE SAXE.

Em 1865 a Princesa Leopoldina engravidou pela primeira vez, mas sofreu um aborto em maio.

Em julho de 1865 a Duquesa de Saxe engravidou mais uma vez, e no dia 19 de março de 1866 deu à luz a um menino no Rio de Janeiro, batizado como Príncipe Dom Pedro Augusto.

O QUE ACONTECEU COM O PRÍNCIPE DOM PEDRO AUGUSTO? O FILHO PRIMOGÊNITO DA PRINCESA LEOPOLDINA

O Príncipe Pedro Augusto foi o primeiro neto de Dom Pedro II e Dona Teresa Cristina, ele foi apelidado como “O Preferido”, por ser o neto mais querido do Imperador do Brasil.

Quando o Príncipe Pedro Augusto contava com um ano e nove meses, sua mãe deu à luz no Rio de Janeiro a seu irmãozinho, batizado como Príncipe Dom Augusto Leopoldo.

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✎ Atenção: Você está autorizado a compartilhar o texto ou parte dele, desde que cite a fonte dessa forma: Texto publicado pela Professora Sabrina Ribeiro no Canal Apaixonados por História. Disponível em: (Cole o link do texto ou do vídeo aqui)

O Príncipe Luís Augusto e a Princesa Leopoldina chamavam seus filhos carinhosamente de Pedro e Augustinho.

Sobre seus dois meninos mais velhos, a Princesa Leopoldina escreveu certa vez: “Pedro não é raivoso, mas muito teimoso. Augustinho não é teimoso, mas, em revanche, é muitíssimo raivoso.”

Um tempo depois, quando Dom Pedro Augusto contava com três anos e três meses, sua mãe deu à luz a outro menino no Rio de Janeiro, batizado como Príncipe Dom José Fernando.

No ano de 1869, o Príncipe Luís Augusto e a Princesa Leopoldina informaram aos imperadores do Brasil que iriam viajar a Europa, de início Dom Pedro II, que era muito apegado ao Príncipe Pedro Augusto, não queria deixar que seu neto mais velho acompanhasse os pais na viagem, mas o Duque de Saxe explicou que não deixaria seu filho de três anos para trás.

Quando o Príncipe Pedro Augusto contava com quatro anos e seis meses, sua mãe deu à luz ao caçula da família, batizado como Príncipe Dom Luís Gastão. Esse príncipe foi o único filho de Leopoldina que não nasceu no Brasil, ele foi concebido no antigo Império Austro-húngaro.

Durante seus cinco primeiros anos de vida, Pedro Augusto viveu em harmonia com seus amados pais e irmãozinhos. A família fazia muitas viagens entre o América do Sul e a Europa, passando temporadas na Áustria e no Brasil.

Quando Pedro Augusto contava com cinco anos sua mãe faleceu, vítima de febre tifoide. Seu pai, o Duque de Saxe ficou arrasado com a morte de sua amada esposa, tendo que assumir sozinho a educação de quatro meninos órfãos de mãe. Como a Princesa Isabel não havia dado herdeiros a coroa até o momento, Dom Pedro II e Dona Teresa Cristina foram a Europa pessoalmente buscar os dois filhos mais velhos da Princesa Leopoldina, para serem criados no Brasil, já que os meninos seriam colocados como segundos e terceiros na linha de sucessão ao trono.

Durante a viagem de volta ao Brasil em março de 1872, o pai viúvo, Duque Luís Augusto, decidiu acompanhar seus filhos na viagem de travessia do Atlântico. O Príncipe Pedro Augusto completou 6 anos a bordo e Dom Augusto Leopoldo contava com apenas 4 anos.

Os dois meninos mais novos, chamados Príncipes José Fernando e Luís Gastão ficaram morando na Áustria, sob a guarda do pai e da avó paterna chamada Princesa Maria Clementina.

Assim que os Príncipes Pedro Augusto e Augusto Leopoldo chegaram ao Brasil, passaram a cumprir uma rotina de estudos no Palácio de São Cristóvão. Dom Pedro II convidou o Médico Manuel Pacheco da Silva para ser o preceptor de seus netos. Sobre o início dos meninos a rotina de estudos o médico escreveu:

“(…) estão atrasados e falam pessimamente o português, apenas conhecem a língua alemã.”

Ao longo dos meses, os príncipes aprenderam a língua portuguesa e tornaram-se crianças muito inteligentes.

Quando o Príncipe Pedro Augusto contava com 8 anos foi matriculado no Colégio Pedro II no Rio de Janeiro.

O povo e a corte acreditavam que a Princesa Isabel era estéril, dessa forma todos diziam para o Príncipe Pedro Augusto que ele seria para sempre o segundo na linha de sucessão ao trono. Essa ideia entrou na cabeça do menino, que acreditava que seria o futuro Imperador do Brasil, após a morte de sua tia Isabel. Dom Pedro II manteve o Príncipe Pedro Augusto longe dos assuntos de estado, o menino vivia praticamente recluso estudando ao lado de seu irmão Augusto Leopoldo no Palácio de São Cristóvão.

Acontece que após 11 anos de tentativas e perdas a Princesa Isabel finalmente deu à luz a um menino, batizado como Príncipe Dom Pedro de Alcântara, o Príncipe do Grão-Pará. Com o nascimento de seu primo, o Príncipe Pedro Augusto na época com 9 anos foi realocado na linha de sucessão ao trono.

A mudança na linha de sucessão deixou o Príncipe Pedro Augusto muito transtornado, historiadores afirmam que o após o nascimento de seu primo, Pedro Augusto, que acreditava ser o futuro Imperador passou a sofrer a partir dos 9 anos de idade com intensas dores de cabeça, insônia, tremores nas mãos e palpitações. Ele não aceitava a ideia de não ser um dos sucessores de seu avô.

O neto mais velho de Dom Pedro II, demonstrava muito medo de morrer e acreditava estar infectado com a mesma doença que havia matado sua mãe Leopoldina. Dom Pedro II e Dona Teresa Cristina demonstravam preocupação com a saúde mental de seu neto preferido.

Aos 15 anos de idade, o Príncipe Dom Pedro Augusto conquistou o bacharel em Ciências e Letras no Colégio Pedro II onde estudava há anos. O neto favorito de Dom Pedro II amava estudar. Em uma busca incansável em agradar ao avô, o Príncipe Pedro Augusto passou a estudar a coleção de mineralogia que havia pertencido a sua bisavó, a Imperatriz Maria Leopoldina de Habsburgo-Lorena.

O filho mais velho da Princesa Leopoldina de Bragança era muito estudioso e inteligente, Dom Pedro II sentia muito orgulho de seu neto mais velho. Avô e o neto eram muito próximos. O Príncipe Pedro Augusto ficava muito feliz quando alguém dizia que ele se parecia com seu avô Dom Pedro II. Quando o Imperador adoecia o neto preferido era o primeiro e se preocupar.

Nessa época a Princesa Isabel já havia dado à luz a mais dois meninos, o que fazia das chances de Pedro Augusto ser o futuro imperador serem praticamente nulas.

Em 1886 quando contava com 20 anos, o Príncipe Pedro Augusto graduou-se em Engenharia Civil pela Escola de Engenharia Polytechnica. Ele era um rapaz muito estudioso, tendo publicado obras sobre mineralogia, chegando ao ponto de ser membro do Instituto da França e do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. O Príncipe brasileiro Pedro Augusto, neto mais velho de Dom Pedro II foi o primeiro príncipe do mundo a obter diploma em Engenharia Civil, além disso, proferiu uma conferência sobre minerais na renomada Academia de Ciências da França.

Na época em que era estudante de engenharia, o Príncipe desenvolveu amizade com seu antigo professor, o renomado engenheiro André Rebouças. O professor foi uma das primeiras pessoas a notar os sintomas iniciais de esquizofrenia paranoica no neto mais velho de Dom Pedro II. Certa vez, o professor André Rebouças ficou chocado ao ouvir uma história mirabolante que Pedro Augusto havia inventado, onde dizia que o Exército queria prendê-lo como refém. O Príncipe Pedro Augusto sempre dizia que as pessoas estavam o perseguindo.

A Princesa Isabel sentia ciúmes de seu sobrinho, pois segundo alguns historiadores Dona Teresa Cristina preferia que o Príncipe Pedro Augusto assumisse o terceiro reinado, mas não temos certeza se isso é verdade.

Parece, que muitas pessoas na corte alimentavam a ideia de uma reviravolta na linha de sucessão ao trono, onde o Príncipe Pedro Augusto seria colocado como primeiro na linha de sucessão. Tudo isso mexia com a cabeça do rapaz, que ainda sonhava em ser o futuro imperador do Brasil.

No parlamento, o neto mais velho de Dom Pedro II foi apelidado como “O Príncipe Conspirador”.

A imprensa do Brasil estava dividida entre pessoas que apoiavam o futuro governo da Princesa Isabel e entre pessoas que eram favoráveis a um futuro governo do Príncipe Pedro Augusto. Acontece que muitas pessoas não simpatizavam com o esposo da Princesa Isabel, essas pessoas acreditavam que o Conde D’Eu iria interferir nas decisões da Princesa Isabel como Imperatriz.

O Príncipe Pedro Augusto morava no Palácio Leopoldina e promovia banquetes e festas com frequência, tendo criado ao seu redor uma espécie de corte que o apoiava como futuro imperador. O jovem pedia dinheiro constantemente ao seu pai, o Príncipe Luís Augusto, que certa vez, enviou uma carta a Dom Pedro II questionando as somas de dinheiro pedidas pelo jovem.

“É incrível como (Pedro Augusto) gosta de gastar dinheiro e uma de suas cartas é cheia de pedidos de dinheiro e mais dinheiro. É triste porque, na sua idade, nem deve se preocupar deste assunto. Minhas ordens são para dar somente 200 réis por mês […] Venho ainda pedir um esclarecimento a Majestade para não falar disto ao Pedro (Augusto). Ele me pediu para dar-lhe 500 mil para despesas da viagem. Viagem planejada ou somente de imaginação de Pedro (Augusto)? Ele deseja também fazer um presente de um conto de réis a seu repetidor, ano passado não fez presente deste valor.”

O Príncipe Dom Pedro Augusto fazia propaganda de si mesmo para tentar ganhar apoio da elite e da população, em sua empreitada como futuro sucessor de Dom Pedro II, ele apontava os defeitos de sua tia, a Princesa Isabel e dizia que ela não era apta a ser a sucessora de Dom Pedro II. Existia uma grande rivalidade entre a Princesa Isabel e seu sobrinho na corte.

Muitos políticos importantes do Império, apoiavam a alteração na linha de sucessão ao trono em favor do Príncipe Pedro Augusto.

Em 1887, Dom Pedro II e Dona Teresa Cristina fizeram uma viagem à Europa, como de costume o Príncipe Pedro Augusto foi junto, antes de embarcar “o neto predileto” dos imperadores foi aconselhado pelo Barão de Estrela e pelo jornalista Eduardo Prado a fazer mais propagandas de si mesmo, apontando como sempre os defeitos de sua tia Isabel.

Parece que suas propagandas na Europa deram certo, pois em diversos países europeus, o Príncipe Pedro Augusto foi apresentado com o sucessor de Dom Pedro II. A cada casa real que passava e a cada país que conhecia, sua popularidade aumentava, fazendo o Príncipe acreditar que realmente seria o terceiro imperador do Brasil. Entretanto, a linha de sucessão era bem nítida quanto isso, o Imperador era Dom Pedro II, como primeira na linha de sucessão estava a Princesa Isabel, como segundo estava seu filho mais velho, o Príncipe do Grão-Pará, como terceiro estava, o Príncipe Luís Maria, como quarto estava o Príncipe Antônio Gastão e como quinto estava o Príncipe Pedro Augusto.

Durante sua passagem na França, o filho mais velho da falecida Princesa Leopoldina foi agraciado com a grão-cruz da Legião de Honra. Em Portugal, o príncipe recebeu a grã-cruz da Ordem da Torre e Espada. O Príncipe Pedro Augusto chegou a fazer um discurso falando sobre a abolição da escravatura no Brasil ocorrida em maio de 1888, mas em nenhum momento ele citou sua Tia Isabel.

Quando o neto e os avós voltaram ao Brasil, o desentendimento entre a Princesa Isabel e o Príncipe Pedro Augusto aumentou. Dizem, que o silencio reinava no Palácio de São Cristóvão e o clima era de intriga na família.

Com sua volta ao Brasil e com sua popularidade em alta na Europa, o Príncipe conseguiu ainda mais apoiadores no Império, como por exemplo o Marquês de Paranaguá, o Barão de Maia Monteiro e o Conde de Figueiredo, algumas fontes citam que a própria Imperatriz Teresa Cristina era favorável ao governo do Príncipe Pedro Augusto. Essas pessoas que apoiavam a alteração na linha de sucessão e o governo do Príncipe Pedro augusto eram chamadas de “Pedristas”.

✎ Atenção: Você está autorizado a compartilhar o texto ou parte dele, desde que cite a fonte dessa forma: Texto publicado pela Professora Sabrina Ribeiro no Canal Apaixonados por História. Disponível em: (Cole o link do texto ou do vídeo aqui)

Em 1888, o irmão de Pedro Augusto que havia sido criado na Áustria, chamado Príncipe José Fernando faleceu os 19 anos, vítima de uma doença pulmonar. Pedro Augusto ficou muito abalado com a morte de seu irmão. Com isso, agora só restavam três filhos vivos dos Duques de Saxe.

Na boca do povo, todos os membros da família imperial eram apelidados, a Princesa Isabel era chamada de “carola” pois era muito religiosa. Seu esposo, o Conde d’Eu era chamado de “surdo”, por ter pedido parte da audição durante a Guerra Hispano-Marroquina. O filho primogênito da Princesa Isabel e do Conde d’Eu, o Príncipe do Grão-Pará era chamado de “maneta”, pois nasceu com uma lesão na musculatura do braço esquerdo.

Enquanto a família imperial e a corte dividiam opiniões sobre quem seria a sucessora ou o sucessor de Dom Pedro II, o Príncipe Augusto Leopoldo dizia ao seu irmão que se iludia cada dia mais:

“Deixa disso, que a sucessão não é da carola [a Princesa Isabel], nem do maneta [o Príncipe do Grão-Pará], nem do surdo [o conde d’Eu], nem tua também (Príncipe Pedro Augusto).”

A cada dia que passava o Príncipe Pedro Augusto parecia estar mais perturbado, ele tinha ideias absurdas e megalomaníacas, tudo isso apontava o início de seus sintomas esquizofrênicos. Em 1888, surgiram boatos que o Imperador Dom Pedro II iria abdicar e logo o Príncipe Predileto criou ideias malucas que seria obrigado a se casar e mandado para longe do Brasil. Naquela época corriam boatos que o Príncipe Pedro Augusto era homossexual, mas não existem provas de que isso seja verdade.

No dia 5 de outubro de 1889, o Príncipe Pedro Augusto ofereceu um luxuoso banquete em homenagem aos oficiais chilenos no Palácio Leopoldina. Nesse dia o Príncipe reuniu todos os nobres que o apoiavam.

No dia 15 de novembro de 1889, aconteceu um golpe militar no Brasil que resultou na Proclamação da República. Enquanto tudo isso acontecia, o Príncipe Pedro Augusto fazia um passeio a cavalo e só tomou conhecimento do que estava acontecendo horas depois. Segundo as ordens dos militares, a família imperial deveria se reunir no Palácio e serem enviadas dentre alguns dias a Europa. Antes de encontrar sua família, o Príncipe se reuniu com seus apoiadores pedristas, ainda acreditando que poderia reverter a situação.

Na madrugada do dia 17 o Príncipe foi acordado pelo seu tio, o Conde D’Eu, pois o general Mallet havia recebido ordens de que a família imperial deveria deixar o Brasil imediatamente.

Quando aconteceu a queda da monarquia no Brasil, Dom Pedro II contava com 63 anos, Dona Teresa Cristina 67, a Princesa Isabel contava com 43 anos, o Conde d’Eu 47, o Príncipe do Grão-Pará 14 anos, o Príncipe Luís Maria 11, o Príncipe Antônio Gastão 8 anos e o Príncipe Pedro Augusto 23 anos.

Na ocasião, o Príncipe Augusto Leopoldo de 21 anos não se encontrava no Brasil, pois era marinheiro e estava viajando.

A família imperial embarcou no vapor Alagoas e logo o Príncipe Pedro Augusto teve um ataque de nervos, pois acreditava que o couraçado Riachuelo que os escoltava iria bombardear a embarcação onde a família estava.

Sobre o estado de saúde mental do Príncipe Pedro Augusto, o barão de Muritiba escreveu: “[…] estava constantemente apreensivo e dominado pela mania de perseguição.”

Em seu primeiro surto psicótico na embarcação, o Príncipe tentou enforcar o comandante do navio, dizendo que ele havia sido pago para se livrar da família imperial. Vendo a cena chocante, o barão de Muritiba mandou que Pedro Augusto soltasse o pescoço do comandante, e assim o príncipe obedeceu.

Sobre a aterrorizante viagem o Conde D’Eu registrou:

“O principal problema da viagem foi o estado de terror em que se encontrava Pedro Augusto, o que o impedia de dormir, às vezes de comer e nos fazia temer por sua saúde mental. O tempo que ficávamos parados por causa do Riachuelo, os movimentos dos oficiais da marinha e dos que estavam a bordo […] tudo era motivo para que ficasse aterrorizado.”

O Príncipe Pedro Augusto lançava ao mar, garrafas com papéis com pedidos de socorro. Uma dessas garrafas com pedido de socorro, foi encontrada na praia de Maragogi em Alagoas, na carta do príncipe podemos ler:

“Bordo do Alagoas, 23 de novembro de 1889, às 11 horas da manhã.

A família imperial fiada nos compromissos do Governo Provisório e coagida a partir, a pretexto de segurança, […] embarcou a bordo deste vapor, dirigido pelo Riachuelo, dizendo-se que iam para Lisboa, acha-se bem como sua comitiva, em posição crítica e decerto, segundo penso, está condenada toda e todos a uma morte violenta. O perigo é grande. Nas águas de Pernambuco vagando ao acaso. Meu Deus!

D. Pedro Augusto de Coburgo e Bragança.”

Assim que o couraçado Riachuelo parou de escoltar o vapor Alagoas, o Príncipe melhorou por alguns dias, mas no dia 5 de dezembro de 1889, ele teve um surto psicótico.

O neto mais velho de Dom Pedro II, a cada hora tinha um pensamento perturbador, ora tentava pôr um fim a sua vida atirando-se no oceano Atlântico, ora achava que queriam matá-lo, o Príncipe Pedro Augusto afirmava que toda a família imperial seria assassinada. Devido a inquietação do rapaz de 23 anos, a família e os comandantes decidiram trancá-lo em uma cabine do navio que teve a escotilha chumbada, para evitar que o Príncipe se jogasse ao mar.

Em sua cabine, o príncipe delirava, chegando ao ponto de entrar dentro de várias boias salva-vidas dizendo que o navio iria ser bombardeado.

Alguns dias após o ocorrido, o príncipe que estava um pouco melhor alegou que tudo o que aconteceu era mentira, que eram boatos criados pelo Conde D’Eu e pelo Dr. Mota Maia para que impedissem ele de assumir o trono como o terceiro imperador do Brasil.

O Príncipe Pedro Augusto parecia não aceitar que a monarquia havia sido derrubada no Brasil.

Assim que desembarcou na Europa, o Príncipe Pedro Augusto foi levado por sua família para fazer um tratamento psiquiátrico em uma cidade austríaca chamada Graz. Dentre poucas semanas o neto preferido de Dom Pedro II recebeu alta e foi ao encontro de seus amados avós, foi nesse momento que ele descobriu que a Imperatriz Teresa Cristina havia falecido em 28 de dezembro de 1889. O rapaz ficou arrasado com a morte de sua querida avó, pois ela era como uma mãe e grande apoiadora.

Da Europa o Príncipe Dom Pedro Augusto passou a tramar com seus antigos apoiadores a volta da monarquia, porém seus antigos partidários perceberam que o príncipe não estava bem de saúde mental e logo se afastaram.

Após ser abandonado por seus apoiadores pedristas, seus sintomas de esquizofrenia aumentaram. O Príncipe Pedro Augusto não comia, não dormia, dizia palavras incompreensíveis e era violento com inimigos imaginários. O filho mais velho da princesa Leopoldina de Bragança via e ouvia coisas. No Palácio Coburgo, onde morava, os funcionários sempre encontravam o neto preferido de Dom Pedro II em um canto de cócoras, com um olhar perturbador e espumando pela boca.

Alguns de seus amigos tentaram o ajudar, mas tudo era em vão. Certa vez, o médico Jean-Martin Charcot pediu que o neurologista austríaco Sigmund Freud examinasse o Príncipe brasileiro, sobre a consulta, o Príncipe Augusto Leopoldo escreveu:

“Quero agradecer a visita do jovem Doutor Zigmund Freud enviado pelo bom Dr. Jean Charcot. Na sua opinião, não havia por parte de meu irmão nenhum sintoma monomaníaco, ou de excitação descontrolada, constituindo-se unicamente de profunda depressão e infelicidade. O que sentiu é que está esgotado, recomendando, por enquanto, muito repouso.”

Durante o aniversário de 65 anos de Dom Pedro II, a família se reuniu, e todos demonstravam preocupação com o Príncipe Pedro Augusto que não estava nada bem de saúde mental.

Por um breve período o Príncipe pareceu ter se recuperado, passando a almoçar todos os domingos ao lado de seu avô e de sua família. Os chamados Pedristas, antigos apoiadores de Pedro Augusto os abandonaram e passaram a apoiar seu irmão como terceiro imperador. Quando o antigo Imperador Dom Pedro II faleceu no dia 5 de dezembro de 1891, a depressão e a mania de perseguição voltaram à tona na vida do Príncipe Pedro Augusto. Ele acusava a tia Princesa Isabel e o Tio Conde D’Eu de espalharem boatos sobre sua saúde mental, o príncipe furioso xingava seus antigos apoiadores de traidores e acusava os jornalistas de inventarem mentiras sobre sua sexualidade.

No ano de 1893 alguns jornais franceses e argentinos publicaram a informação que o Príncipe Dom Pedro de Alcântara seria o terceiro imperador do Brasil, em outra publicação diziam que o Príncipe Augusto Leopoldo seria aclamado como imperador. Tais informações quando chegaram aos ouvidos do Príncipe Pedro Augusto quase o fizeram enlouquecer, pois acreditava fielmente desde criança que seria o sucessor de Dom Pedro II. Ao receber a notícia, ele saiu a cavalo em plena madrugada pelas ruas de Viena delirando e usando todas as ordens honoríficas que havia recebido no passado. Os guardas foram atrás do príncipe e após ser contido e levado ao Palácio Coburgo, o príncipe se jogou da janela de seu quarto, buscando a morte.

Depois do acontecido, seu pai, o Príncipe Luís Augusto, o Duque de Saxe decidiu interná-lo em um sanatório localizado em Tulln an der Donau, na Áustria.

O filho mais velho da Princesa Leopoldina passou o resto de sua vida em um sanatório acreditando que seria o terceiro imperador do Brasil. Quando idoso sua barba cresceu e ficou branca, tornando-se muito parecido com seu avô. No ano de 1900 em Viena todos seus pertences foram leiloados, pois já estava estabelecido pelos médicos da época que o Príncipe Pedro Augusto não conseguiria mais viver em sociedade.

No ano de 1907 o Duque de Saxe faleceu, no ano de 1918 seu primo Antônio Gastão faleceu, em 1920 seu outro primo Luís Maria faleceu, em 1921 sua tia a Princesa Isabel faleceu, em 1922 seu irmão mais próximo o Príncipe Augusto Leopoldo e seu tio Conde d’Eu faleceram. Dentre todos os parentes, apenas seu primo o Príncipe do Grão-Pará e seu irmão caçula o Príncipe Luís Gastão ficaram vivos. Como a maioria de seus parentes próximos haviam falecido, o Príncipe Pedro Augusto ficou praticamente abandonado no sanatório.

No dia 6 de julho de 1934 o Príncipe Dom Pedro Augusto faleceu aos 68 anos de idade, tendo passado mais de 40 anos internado em um sanatório.

Dizem que até seus últimos dias de vida, o Príncipe Dom Pedro Augusto afirmava que seria o futuro Imperador do Brasil.

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FONTES, VÍDEOS & LIVROS USADOS NA PESQUISA:

Livro: D. Pedro II — A história não contada. O último imperador do Novo Mundo revelado por cartas e documentos inéditos. Autor: Paulo Rezzutti. Editora: LeYa.

PDF — Cruzador Almirante Barroso. Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação Marinha. Disponível em: https://www.marinha.mil.br/dphdm/sites/www.marinha.mil.br.dphdm/files/AlmiranteBarrosoCruzador1882-1893.pdf

PDF — Couraçado Riachuelo. Diretoria do Patrimônio Histórico e Documentação Marinha. Disponível em: https://www.marinha.mil.br/dphdm/sites/www.marinha.mil.br.dphdm/files/RiachueloEncouracado1884-1910.pdf

Corveta Encouraçada Nichteroy. Navios de Guerra Brasileiro. Disponível em: http://www.naval.com.br/ngb/N/N007/N007.htm

Academia Teresiana. Disponível em: https://www.milak.at/

August von Sachsen-Coburg uns Gotha. Geneee. Disponível em: https://geneee.org/august/von+sachsen+coburg+und+gotha?lang=pt

Túmulos da família Saxe-Coburgo-Gora na Igreja de Santo Augustinho em Coburgo. Disponível em: http://www.royaltyguide.nl/countries/germany/C/coburg/staugustinkirche.htm

Cripta Kohary como local de sepultamento. St. Augustin Coburg. Disponível em: https://st-augustin-coburg.de/kirchen/st-augustin-coburg/kohary-gruft---krypta-st--augustin/kohary-gruft-als-grablage/index.html

Professora Sabrina Ribeiro

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