LEOPOLDINA NÃO GOSTAVA DO TIO LEOPOLDO (1790–1851) PRÍNCIPE DE SALERNO

CANAL APAIXONADOS POR HISTÓRIA
16 min readJun 10, 2022
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A Arquiduquesa Leopoldina tinha vários irmãos e irmãs, sua irmã Maria Clementina era apenas um ano mais nova que Leopoldina. Tendo Leopoldina nascido em 1797 e Maria Clementina em 1798.

Quando as meninas e os meninos cresciam e tornavam-se adolescentes, logo era arrumado um pretendente para se casar posteriormente. Na época existia uma espécie de regra social, onde era esperado que as filhas mais velhas se casassem primeiro e depois as mais novas, seguindo a ordem de nascimento. Sendo assim, uma irmã mais nova não deveria se casar primeiro que sua irmã mais velha.

✎ Atenção: Você está autorizado a compartilhar o texto ou parte dele, desde que cite a fonte dessa forma: Texto publicado pela Professora Sabrina Ribeiro no Canal Apaixonados por História. Disponível em: (Cole o link do texto ou do vídeo aqui)

A mãe das arquiduquesas Leopoldina e Maria Clementina, chamava-se Imperatriz Maria Teresa de Nápoles e Sicília e havia falecido em 1807. Acontece que Maria Teresa tinha um irmão chamado Leopoldo e foi acordado entre as casas dinásticas que o Príncipe Leopoldo de Nápoles e Sicília poderia escolher entre suas duas sobrinhas com quem ele gostaria de se casar. Naquela época era muito comum o casamento entre membros da mesma família, como tios e sobrinhas e entre primos. Principalmente na família Habsburgo-Lorena.

Em 1814, em uma carta direcionada a sua irmã preferida chamada Duquesa Maria Luísa, a jovem Leopoldina escreveu sobre a aparência de seu tio Leopoldo:

“[…] Não conhecerias mais o tio Leopoldo, está tão alto quanto o tio Luís e tão gordo como o Conde Althann. […]” Viena, 11 de abril de 1814.

Em 1816 o Príncipe Leopoldo de 26 anos pode dizer ao Imperador Francisco I da Áustria, quem escolheria entre as duas moças. A Arquiduquesa Leopoldina de 19 anos ou a Arquiduquesa Maria Clementina de 18 anos.

Era esperado pela sociedade que ele escolhesse a irmã mais velha, mas o Príncipe Leopoldo acabou escolhendo sua sobrinha Maria Clementina. Essa decisão deixou Leopoldina um tanto quanto desapontada por vários motivos. Não que Leopoldina gostasse de seu tio, ela o suportava, mas a arquiduquesa sabia que era esperado que a mais velha se casasse primeiro. A arquiduquesa não tinha muitos bons pretendentes e o Príncipe da Saxônia não havia gostado de sua aparência, Leopoldina temia ficar solteirona para sempre. Além disso, a jovem Leopoldina sabia que quem se casasse com o tio Leopoldo moraria na Europa e poderia ter a oportunidade de ver em muitos eventos a Duquesa Maria Luísa, que era sua irmã favorita.

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Em 1816 a Arquiduquesa Leopoldina escreveu a sua irmã Maria Luísa:

“[…] Amada, caríssima Luísa! […] Que dizes sobre o casamento da Maria com o tio Leopoldo? Sabes o que penso; desejo-lhe de coração felicidade e estou contente que ele não me quis.” Viena, 22 (ou 23) de março de 1816.

A Arquiduquesa Maria Clementina era uma moça muito quieta e retraída, as irmãs sempre conversavam abertamente umas com as outras, mas Maria Clementina era diferente. Em uma carta, Leopoldina cita que Clementina havia guardado o segredo de que ela havia sido sobrinha escolhida pelo tio Leopoldo. A carta foi enviada ao seu pai, o Imperador Francisco I, e com seu pai, Leopoldina não conseguia e não podia ser tão sincera e aberta como era nas cartas enviadas a sua irmã Maria Luísa.

“Amado papai! […] Fiquei sabendo com imensa alegria pela Maria (que ocultou o segredo até agora), que ela vai se casar com o tio Leopoldo; estou muito contente, principalmente porque tenho certeza de que será muito feliz; o tio tem excelente caráter, que demonstrou especialmente pelo respeito e amor filial para com a boa vovó em todos os momentos; só me deixa triste o fato de que ficarei longe de minha querida irmã. Assim, meu maior empenho será compensar a ausência das minhas duas irmãs com o meu amor filial e cuidado, querido papai, e se o conseguir minha felicidade está completa. […]” Viena, 24 de março de 1816.

Parece que após a escolha do tio, Leopoldina ficou chateada e aconteceram alguns desentendimentos no palácio. Em uma carta, Leopoldina foi repreendida por sua irmã e respondeu:

“Amada, Luísa! […] prometo-te nunca mais dizer a Maria nada de irônico sobre o tio; […]” Viena, 2 de abril de 1816.

Na maioria das cartas escritas por Leopoldina em 1816, ela faz algum comentário citando os noivos, Leopoldo e Maria Clementina.

“Amada Luísa! […] A Maria recebeu uma carta do noivo, escrita por outra pessoa mas com assinatura de próprio punho dele. […]” Viena, 26 de abril de 1816.

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A Arquiduquesa mantinha Maria Luísa informada sobre as datas de noivado e casamento de Maria Clementina e Leopoldo.

“Amada, querida Luísa! […] O tio vem no dia 30 e o casamento ainda não está marcado. […]” Schonbrunn, 18 de junho de 1816.

A futura Imperatriz do Brasil, sempre comentava em suas cartas, que sua irmã Maria Clementina era uma pessoa muito calada e cheia de escrúpulos, ou seja, receosa. Aparentemente, Maria Clementina era muito discreta, sendo muito difícil conseguir alguma informação sobre sua vida pessoal.

“Amada Luísa! […] No dia primeiro chega o tio Leopoldo, com um séquito indescritivelmente grande, mas te garanto que, por mais ridículos que me pareçam os escrúpulos da noiva e a leviandade do tio (que aflora em todas as oportunidades) não rirei em nenhum momento, pois vejo que o querido papai quer o bem deles. […]” Schonbrunn, 22 de junho de 1816.

“Amada, caríssima Luísa! […] No domingo acontecerá o pedido solene da mão da noiva e acho que o tio, pelo que pude arrancar dela, logo estará aqui; acho que receberás uma visita dele durante sua viagem de vinda para cá. […]” Schonbrunn, 28 de junho de 1816.

“Amada, caríssima Luísa! […] Hoje às quinze para às dez da manhã chegou o noivo, trazendo seu retrato para a Maria, que porém é do tamanho de um caixote, de forma que a irmã nem consegue carregá-lo; continua tão gordo e fala com tanta animação, com pés e mãos, que dá medo ficar muito próximo dele; hoje os tios, principalmente o tio Luís, quase me desconcertaram com suas observações; o que me deixa contente é que a noiva gosta de ficar com ele e se diverte muito. […]” Baden, 4 de julho de 1816.

“Amada, caríssima Luísa! […] O casamento será em oito dias contados de sexta-feira e o casal então ficará aqui até meados de setembro, mas acho que a correria do tio para casa acontecerá mais cedo. […]” Baden, 9 de julho de 1816.

Após o casamento Maria Clementina ficaria por algum tempo se preparando para se mudar para a Itália, Leopoldina já sofria antecipadamente pela separação de sua irmã mais nova. A jovem, temia que todos seus irmãos se casassem, fossem embora e ela ficasse sozinha com seu pai no palácio.

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Para primos diretos ou tios se casarem com sobrinhas, era necessário haver uma dispensa papal autorizando o casamento. Sobre a questão, Leopoldina escreveu.

“Amada, Querida Luísa! […] Acho que o casamento da Maria será adiado, já que o consentimento papal ainda não chegou; enquanto isso ela vê o tio todos os dias no almoço. […]” Baden, 12 de julho de 1816.

Em uma carta, Leopoldina confessa sentir inveja de sua irmã Maria Clementina, pois essa iria morar perto de Maria Luísa.

“Amada Luísa! […] Como invejo da Maria, que talvez logo te reencontre. O casamento da Maria será no domingo, porque a autorização já chegou; ela está segundo suas próprias palavras, totalmente surpresa, porém o tio mal pode esperar; acho que ele está ficando cada vez mais gordo e me contou que pesa trezentas libras. (Ou seja, 136 quilos) […]” Baden, 23 de julho de 1816.

No dia 28 de julho de 1816, o Príncipe Leopoldo e a Arquiduquesa Maria Clementina se casaram no Palácio de Schonbrunn. Sobre o evento, Leopoldina detalhou:

“Amada Luísa! Perdoa-me minha caríssima, se te escrevo só um pouco, mas em todos esses dias não tive praticamente nenhum momento livre. Porém cumpro a minha promessa e faço-te a descrição do casamento da irmã Maria, que foi anteontem; todos nós nos pusemos os mais bonitos possível […] apressamo-nos às sete horas para a capela que estava magnífica […], e ali foi celebrado o casamento, seguido de um Tedeum de Egebland de meia hora; depois houve a recepção na corte, onde todos os embaixadores e enviados me foram apresentados; isso durou meia hora, e a Condessa Lazanzky e o querido papai ficaram muito satisfeitos comigo, achando que fui extremamente amável, mas quis sê-lo para que saibas, minha boa velha irmã, como sigo fielmente teus conselhos; durante o banquete que se seguiu o calor era tão horrível que todos nós ficamos com resfriado e tosse; no dia seguinte foi a missa do sacrifício. Não posso te dizer quão estranha a Maria me parece como esposa, pois quase não fala com o Príncipe Leopoldo e é cheia de escrúpulos; Darnaut disse-me que tem suas dificuldades em arrancar alguma coisa dela; fora das refeições quase não a vemos, nem o querido papai, que me permite estar bastante com ele.” Schonbrunn, 30 de julho de 1816.

O casal continuou morando no palácio após o casamento e parece que aconteceram algumas desavenças entre Leopoldina e seu tio Leopoldo.

“Amada, querida Luísa! Tens razão em não devolver à pobre Maria na mesma moeda a burrice de seu querido; Deus queira que ela seja muito feliz com ele até hoje nunca vi tal formalidade entre marido e mulher, pois falam muito pouco entre si, de forma que o querido papai sempre tem que falar muito por eles. […] Schonbrunn, 2 de agosto de 1816.

Leopoldina ironizava chamando sua irmã de tia.

“A noiva, agora a senhora tia, estava, na minha opinião e na de todos os elegantes, horrivelmente vestida, já que usava na cabeça um amontoado de diamantes junto com um aplique de rabo de cavalo, segundo expressão do querido papai; além disso trajava um vestido ricamente bordado que era medíocre e horrível para sua pequena constituição física, com os grandes lírios brancos, mas que levou o tio — um Bourbon — ao êxtase; só senti pena da pobre irmã que teve que vestir aquilo apesar de não gostar. Não deveria elogiar a mim mesma, mas me garantiram que estava muito bonita e agradeci bastante; graças a Deus, pois preciso mais disso do que a Maria. […] na volta para casa o querido tio Leopoldo contou suas histórias sujas, à moda italiana; entre outras coisas acostumou-se, como senhor cunhado, em seu entusiasmo, a me dar tapinhas nas costas, o que acho tremendamente deselegante. […] Em Viena corre uma anedota excelente: alguém perguntou o que fora o presente de casamento do querido papai para a Maria, e o outro respondeu: não sabes que a arquiduquesa ganhou (uma preciosa bagatela) de Nápoles? (Em alusão a obesidade de Leopoldo) Morri de rir quando a Condessa Lazanzky me contou isso. […]”

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Após o casamento, Maria Clementina que já era uma pessoa calada, tornou-se mais fechada ainda.

“Amada Luísa! […] O casal vai muito bem e parece satisfeito, eu só desejaria mais confiança mútua e expansividade, pois a Maria está sempre calada. […]” Schonbrunn, 6 de agosto de 1816.

A convivência no palácio após o casamento entre Leopoldo e Maria Clementina parece que não foi muito agradável, pois Leopoldina não se dava bem com seu tio Leopoldo.

“Amada, querida Luísa! […] Entre a nova tia e o tio reina uma certa formalidade que não me agrada; além disso houve uma cena de ciúmes que já me contaram, pois não quero ver nada e a (Maria) nada diz, assim, tenho que ficar sabendo de tudo pela sua gente e sua preceptora superior, a Principessa dei Colli, que me parece uma mulher muito boa e bastante culta, mas que fala um francês tão horrível que faz o meu parecer excelente. Aconselho-te, minha boa irmã, a escrever cartas muito […] à Maria, já que (como ela me disse) o tio lê tudo o que ela recebe e escreve (e também corrige); me contou que até acha isso gentil, porém desagradável; vemos bastante o casal, e como gosto muito da Maria, até saio um pouco com ela, embora a companhia italiana não me seja agradável; o tio não ousa mais me fazer de boba, porque o querido papai aconselhou-me a não suportar mais uma coisa dessas. Teu filho é encantador, cada vez mais sensato, mas não suporta Carolina nem o tio, pois é uma tortura constante; admiro sua paciência, sem a qual os dois já teriam há muito recebido alguns milhares de bofetadas. […]” Schonbrunn, 16 de agosto de 1816.

Na carta anterior, Leopoldina se referia ao filho de Maria Luísa que morava no palácio junto com sua família paterna em Viena. Também cita que sua irmã Carolina e o tio Leopoldo sempre irritavam o pequeno Napoleão II.

Em diversas cartas, a Arquiduquesa Leopoldina fala mal de seu tio Leopoldo e conta sobre suas frequentes discussões e brigas.

“Amada, querida Luísa! […] A Maria vai muito bem, mas está mais fechada do que antes, em compensação Dom Leopoldo fala como papagaio (tal qual a ave) também muito disparate; ontem briguei com ele porque sempre me provoca, o que não permito a ninguém, exceto a ti, se quiseres.[…] Graças a Deus finalmente acabamos nossas caçadas em Holitsch; diverti-me muito com o papai e tio Luís que estava encantador, mas não cacei quase nada além de um veado, porque não acho decente para uma mulher, e o querido papai me deu razão. Em compensação, porém, o ilustre casal caçou com tal paixão que a Maria ao todo deu seiscentos tiros e o tio mais de dez mil durante os três dias; ambos estão com os rostos marrons e vermelhos do chumbo e da pólvora; pensei em ti, minha boa velha irmã, que seguramente terias feito como eu. […] Teu filho está excelente e é encantador, embora ontem depois do almoço tenha estado muito zangado, mas não poderia ser diferente, depois que o tio Dom Leopoldo e a Carolina só o provocaram; ontem lhe disseram que sabiam que ele não te suporta, ambos receberam porém a prova de que aquilo não é verdade: dois apreciáveis golpes de sabre de madeira e a garantia de que ele te ama muito e gostaria que estivesses aqui para pôr um fim àquelas provocações, o que seria extremamente necessário, pois, por mais que faça meus sermões ao querido papai, eles continuam a fazê-las, mas a ti eles respeitariam mais. […]” Schonbrunn, 27 de agosto de 1816.

Já em uma carta enviada a sua outra tia, irmã de Leopoldo, chamada Maria Amélia, Leopoldina se contradiz em alguns trechos e fala bem do tio, tendo em vista que seria deselegante a arquiduquesa falar mal de seu tio para algum parente.

“Queridíssima tia! […] Minha irmã Maria está certamente feliz sob todos os aspectos, o coração não procurando outra coisa senão a felicidade daqueles que a cercam, e é uma felicidade muito grande agora, querida tia, de pertencer a si pelos laços do amor fraterno, quando já se teve direitos mais antigos ao seu coração. Os sentimentos que me ligam a senhora sem este título me serão sempre caros e não poderá me dar maior satisfação que dando certeza de que não mos dedica menos ternos que à Maria, eu não a amando menos ternamente que ela. Não houve festa alguma por ocasião do casamento; tendo o querido tio desejado que houvesse o mínimo de representação possível, tudo se limitou a um […] e a um banquete em público; nada perturba o contentamento que me causa a felicidade de Maria, a não ser a perspectiva de nossa separação, que eu vejo aproximar-se com dor; atualmente nós nos vemos diariamente, jantando e ceando juntos em casa de papai, passeando e indo frequentemente ao teatro como outrora. O querido papai teve durante alguns dias uma tosse bem forte, que ele pegou nas caçadas. As que realizou em Holitsch foram bastante divertidas e sobretudo bem felizes para mim, o querido papai tendo-me permitido acompanhá-lo em uma viagem de caleche; Maria foi com o querido tio.” Schonbrunn, 18 de setembro de 1816.

Uma das primeiras pessoas a saber que Leopoldina iria se casar com o príncipe português Dom Pedro foi justamente o tio Leopoldo, e isso deixou Leopoldina chateada, pois queria que a primeira pessoa a saber sobre o casamento fosse a sua irmã preferida, Maria Luísa.

“Amada, querida Luísa! […] O que contudo mais me magoa é que Dom Leopoldo soube logo de início e não tive permissão para te escrever, mas assim são as coisas: as pessoas rudes e tolas são sempre mais valorizadas e as quietas e sensatas sempre as últimas. O casal ficará provavelmente todo o inverno aqui, e alegro-me pela Maria, mas gostaria que o tio fosse logo embora, porque tagarela demais e é tão arrogante que não se pode mais falar com o querido papai; além disso vive insultando os alemães, o que o torna bastante impopular.” Schonbrunn, 24 de setembro de 1816.

O filho de Maria Luísa e Napoleão Bonaparte, morava com Leopoldina, seus irmãos e o Imperador Francisco no palácio. Segundo os relatos da própria Leopoldina, o Príncipe Leopoldo sempre provocava o pequeno filho de Napoleão e Maria Luísa.

“Amada, querida Luísa! […] Teu filho está excelente, mas quase não o vemos, porque Dom Leopoldo o provoca tanto que o querido papai teme que possa se tornar malvado; […]” Schonbrunn, 27 de setembro de 1816.

E as brigas entre tio e sobrinha não paravam:

“Amada, querida Luísa! […] Dom Leopoldo me irrita diariamente, e diariamente discuto com ele, porque quer provar que Parma pertence à rainha da Etrúria, e no final ainda convencerá o querido papai, se não fosse a coitada da Maria, seria mais sensato que ele voltasse para casa. […]” Viena, 7 de novembro de 1816.

Em muitas cartas, Leopoldina debochava de seu tio e falava sobre as roupas de sua irmã Maria Clementina:

“Amada, querida Luísa! […] Ontem, porém, recebi um relatório da tia Henriette: Contou-me que Dom Leopoldo dançou tão bem que toda a sociedade quase morreu de rir; a Maria, que me dá realmente pena, estava vestida como um inca, diz tio Luís, um assunto magnífico para as línguas ferinas se afiarem. […]” Viena, 14 de novembro de 1816.

No final de novembro de 1816, Maria Clementina se mudou junto com seu esposo para a Itália. A moça, diferente de suas irmãs que sempre mandavam cartas, não enviava notícias, o que deixava todos curiosos para saber como estava indo seu casamento e sua recepção em seu novo lar. A frieza de Maria Clementina a deixava mais distante ainda de seus parentes.

“Amada, querida Luísa! […] A Maria se foi e não dá sinal de vida, o que não é muito gentil. […]” Viena, 4 de dezembro de 1816.

“Amada, querida Luísa! […] A Maria me escreveu hoje de Casata que vai bem e está se divertindo muito.” Viena, 4 de janeiro de 1817.

“Amada Luísa! […] A Maria me escreveu de Casata e parece não estar se divertindo mais, mas não poderá viver sempre como monja; inclui-lhe ânimo como irmã que a ama muito e não gostaria que ficasse ainda mais infeliz por suas cartas exaltadas; acredita; como se sente enganada, me escreveu que não gosta de lá, mas uma vez que seu destino é viver em Nápoles, tem que melhorar e ser firme.” Viena, 18 de janeiro de 1817.

“Amada, querida Luísa! […] A Maria vai bem, já me escreveu duas cartas bem longas mas também cartas indiferentes, Deus permita que um dia derreta o gelo. […]” Viena, 8 de fevereiro de 1817.

Por fim, Leopoldina faz uma observação sobre sua irmã e termina.

“Amada Luísa! […] É insuportável como a Maria é fria, não mostra simpatia alguma […]” Poggio Imperiale, 28 de junho de 1817.

O que sabemos segundo os livros de história, é que o casamento da Arquiduquesa Maria Clementina e do Príncipe Leopoldo não foi feliz, eles tiveram quatro filhos, mas apenas uma chegou à idade adulta.

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Além disso, o Príncipe Leopoldo traía sua esposa, acabando por engravidar a famosa bailarina austríaca Fanny Elssler.

Sabemos que Maria Clementina assim como seus parentes possuía uma saúde frágil, e por essa razão voltava a sua terra natal para se tratar, entretanto, algumas fontes citam que Maria Clementina fingia estar doente algumas vezes somente para ir a Áustria e ficar o maior tempo possível longe de seu marido, sempre dando desculpas, e dizendo estar doente.

E aí? O que você achou dos relatos da Arquiduquesa Leopoldina sobre sua irmã Maria Clementina e seu tio Leopoldo?

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FONTES, VÍDEOS & LIVROS USADOS NA PESQUISA:

Livro: D. Leopoldina: Cartas de uma Imperatriz. Editora: Estação Liberdade. Seleção e transcrição das cartas: Bettina Kann e Patrícia Souza Lima. Artigos: Andréa Slemian, André Roberto de A, Machado, Bettina Kann, István Jancsó e Maria Rita Kehl. Tradução: Guilherme João de Freitas Teixeira e Tereza Maria Souza de Castro. Coordenação editorial: Angel Bojadsen.

Livro: D. Leopoldina: A história não contada. A mulher que arquitetou a Independência do Brasil. Autor: Paulo Rezzutti. Editora: LeYa.

Leopoldo di Borbone Principe di Salerno (1790–1851). Autor: Giovanni Bovi. Editora: Art Grafiche Augusto Velardi. Disponível em: https://www.abebooks.com/Leopoldo-Borbone-Principe-Salerno-1790-1851-Giovanni/30031781455/bd

Site em italiano: Medaglie: Leopoldo, Príncipe di Salerno. Brigantino il Portale del Sud. (Medalhas: Leopoldo, Príncipe de Salerno. Brigantine do Portal Sul). Disponível em: http://www.ilportaledelsud.org/medaglie_principe_salerno.htm

Site em inglês: Nobleman Archduchess Maria Clementina of Austria. (Nobre Arquiduquesa Maria Clementina da Áustria). Disponível em: https://pantheon.world/profile/person/Archduchess_Clementina_of_Austria/

Professora Sabrina Ribeiro

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